O PATOLOGISTA
O médico patologista atua no diagnóstico das doenças, buscando, em suas pesquisas, compreender a causa (etiologia = estudo das causas), a patogenia (processo ou mecanismo de ação), a fisiopatologia (alterações funcionais) e as alterações morfológicas (moleculares, subcelulares, celulares, histológicas e anatomopatológicas), que explicam os sinais (o que é detectável pelos sentidos, ou pode ser medido, ou seja, é objetivo) e os sintomas (o que se sente, ou seja, é subjetivo) das enfermidades e das síndromes (conjunto de sinais e sintomas que definem uma ou várias doenças, com causas diversas), fazendo-se correlações com os exames de imagem, os exames laboratoriais clínicos (Patologia Clínica, Análises Clínicas) e com a história clínica dos pacientes (queixa principal, histórias da doença atual, patológica pregressa, familiar e psicológica, grau de instrução, profissão, condições de moradia, exame físico, etc).
Para o diagnóstico utiliza materiais obtidos por biopsia (incisional se contém parte da lesão e excisional se contém toda a lesão), ou de peças cirúrgicas (órgãos ou partes de órgãos contendo toda a lesão), ou de necropsia (exame de corpos inteiros para determinar a causa da morte, a doença principal e os diagnósticos secundários), ou de líquidos corporais, secreções, raspados de lesões, de punções aspirativas, de "imprints" ("carimbos de fragmentos teciduais"), etc. Assim, de tais materiais faz o exame macroscópico, descrevendo as características dos mesmos, o qual é seguido pelo exame microscópico dos tecidos (histopatologia), ou das células (citopatologia) de líquidos, de raspados, de punções ou de "imprints," por meio da microscopia óptica convencional, em sua rotina de trabalho, a qual pode ser complementada por estudos em microscopia de fluorescência, microscopia confocal, microscopia eletrônica, etc, e em biologia molecular (imuno-histologia, imunocitologia, hibridização "in situ," hibridização molecular, reação em cadeia da polimerase, sequenciamento de DNA, etc), entre outros. Os exames citopatológicos e, ou histopatológicos podem ser peroperatórios, isto é, feitos durante o ato operatório (os histopatológicos com métodos de congelação e cortes em criostato ou em micrótomo de congelação), ou após este. Em suma, o médico patologista examina "pedaços de vivos e mortos inteiros."
No trabalho diário, pós-operatório, os materiais para estudo histológico são tratados quimicamente por meio de substâncias fixadoras (usualmente solução aquosa de formaldeído), desidratados em soluções de etanol (álcool etílico), clarificados em xilol (xileno), infiltrados e emblocados em parafina, e cortados em micrótomo na espessura usual de 5 micrômetros. Tais cortes são colocados distendidos em lâminas de microscopia (vidro), desparafinados, hidratados, corados (pelo método da Hematoxilina & Eosina, entre outros), desidratados, clarificados e montados com goma damar e lamínula, ficando pronta a lâmina, com o corte histológico, para o exame microscópico. Os materiais para estudo citológico têm tratamento semelhante, são colocados em lâminas de microscopia (como distensão, esfregaço, citocentrifugado, "imprint"), fixados em etanol, ou a seco (dependendo da origem da amostra e do método de coloração que se for empregar), corados, desidratados, clarificados e montados, como o descrito, para o exame microscópico.
Usualmente os materiais para diagnósticos citopatológicos (lâminas) e histopatológicos (blocos e lâminas), e os laudos manuscritos e as suas cópias impressas ou em formato digital, são guardados nos arquivos do Serviço de Anatomia Patológica e servem para inúmeros trabalhos de pesquisa, atual ou retrospectiva, publicados como artigos científicos, ou em dissertações de mestrado, teses de doutorado, apresentados em Congressos, etc, além de servirem para o ensino da Patologia e na formação de novos médicos patologistas, nas rotinas diagnósticas macroscópicas e microscópicas.
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© Departamento de Patologia. Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio de Janeiro.